A nova federação partidária União Progressista, formada pela união do União Brasil e do Progressistas (PP), foi oficialmente lançada nesta terça-feira (29), em Brasília, reunindo líderes políticos e ministros, mas também expondo tensões internas e um movimento de distanciamento em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com 109 deputados federais — formando a maior bancada da Câmara — e 14 senadores, a federação nasce com força no Congresso Nacional. Também reúne seis governadores, quase 1,4 mil prefeitos e cerca de 12 mil vereadores, consolidando-se como uma das principais forças políticas do país. Apesar de integrar o governo com quatro ministérios, o grupo sinaliza que pode caminhar para a oposição nas eleições de 2026.
Divisões internas e disputas regionais
Apesar da pompa no lançamento, as divergências internas entre ex-integrantes do PSL e do DEM — que originaram o União Brasil — ainda são visíveis, e há disputas estaduais não resolvidas. Em alguns estados, a rivalidade entre União e PP se mantém intensa, como no Paraná, onde Sergio Moro e Cida Borghetti devem disputar a preferência da federação para concorrer ao governo estadual. Na Paraíba, o senador Efraim Filho (União) e o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) também ensaiam uma disputa interna.
Diante das disputas, há parlamentares que cogitam deixar a federação na próxima janela partidária, migrando, por exemplo, para o PSD. Ainda assim, o peso da nova federação deve garantir protagonismo no processo eleitoral de 2026.
Ronaldo Caiado e o futuro presidencial
Entre os nomes que despontam para a corrida presidencial, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), surge como um dos principais articuladores e tem liberdade para manter sua pré-candidatura. No entanto, sua viabilidade dependerá de negociações com outras figuras da direita, como Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Comando compartilhado e discurso fiscal
A direção da federação também foi alvo de disputas. Como solução, a presidência será dividida entre Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil). O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), é apontado como um dos nomes que podem assumir o comando futuramente.
No discurso oficial, a federação defende a responsabilidade fiscal, a redução do tamanho do Estado e uma reforma administrativa. O conjunto de propostas foi batizado de “choque de prosperidade”.
Presença no governo, mas com ressalvas
Apesar da forte presença no Executivo — com quatro ministérios —, a tendência da União Progressista é se afastar do governo Lula, especialmente com o avanço do calendário eleitoral. Ministros marcaram presença no evento, mas alguns foram discretos, e parlamentares da ala governista sequer se destacaram na cerimônia.
A federação terá que atuar de forma unificada pelos próximos quatro anos, segundo as regras do TSE. Ao longo desse período, o grupo promete acompanhar o desempenho dos seus quadros nos estados para escolher os nomes mais competitivos para as eleições, o que pode gerar novos atritos internos.
Enquanto o discurso público foi de união e força, nos bastidores há cautela. Alguns parlamentares consideram que a federação pode beneficiar partidos menores, mas gera incertezas ao unir dois gigantes do mesmo campo político, a centro-direita. O tempo dirá se a União Progressista conseguirá manter a coesão até as urnas de 2026.