A partir do dia 1º de maio de 2025, os estancianos terão uma nova responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário: a empresa Iguá Saneamento. A mudança marca o fim da gestão do tradicional SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e o início de uma nova fase com a iniciativa privada, dentro do plano estadual de regionalização do saneamento básico. Mas o que era para ser um avanço tem gerado apreensão: a Iguá possui um histórico preocupante de insatisfação por parte de consumidores em diversas regiões do Brasil.
Mais de mil reclamações e avaliação “Ruim”
No site Reclame Aqui, uma das principais plataformas de defesa do consumidor do país, a Iguá acumula mais de 1.150 reclamações registradas nos últimos 12 meses, sendo a maioria relacionada a cobranças indevidas, valores elevados nas contas de água, dificuldade de contato com a empresa e demora na realização de serviços básicos.
A nota média dada pelos consumidores nos últimos seis meses foi de 5.0, o que classifica a empresa como “Ruim”. Apesar de responder a todas as queixas, o índice de solução é de apenas 42,4%, e menos de 31% dos clientes afirmam que voltariam a contratar os serviços da Iguá.
Cidades onde a Iguá atua e enfrenta críticas
A Iguá Saneamento opera em diversas cidades brasileiras, incluindo:
Cuiabá (MT) – onde a empresa atua por meio da Águas Cuiabá e já enfrentou protestos por conta do aumento nas contas e interrupções no fornecimento;
Barra do Garças (MT) – com queixas sobre esgoto a céu aberto e demora em atendimentos;
Maringá (PR) – onde moradores reclamaram de contas altas e serviços técnicos mal executados;
Campo Grande (MS) – alvo de críticas por parte de vereadores locais devido à má qualidade da água fornecida em determinados bairros.
Além disso, a empresa também opera em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Pará, sempre com variações na qualidade do serviço, mas com um padrão recorrente de reclamações ligadas ao atendimento e às tarifas.
Estância entra no mapa da desconfiança
Em Estância, a notícia da troca do SAAE pela Iguá caiu como uma bomba. Servidores do antigo órgão vivem um clima de incerteza, e moradores temem pagar mais caro por um serviço que, segundo dados nacionais, já chega com baixa aprovação.
“Essa empresa já chega manchada. Vem de fora, não conhece nossa cidade, nosso povo, e ainda com um monte de queixa nas costas?”, questiona Cláudia Nascimento, moradora do bairro Alagoas.
O vereador Isaías Negobia (PSOL), que foi contra a regionalização, declarou: “O SAAE era de Estância. Agora a água virou negócio. Vamos acompanhar de perto e denunciar qualquer abuso.”
Prefeitura e Iguá ainda não se manifestaram
Até o momento, nem a Prefeitura de Estância nem a própria Iguá divulgaram detalhes sobre a transição, investimentos, estrutura de atendimento local ou reajustes nas tarifas. Também não foi esclarecido se haverá agência física em Estância ou se todo o atendimento será remoto, como já ocorre em outras cidades.
A população segue na expectativa e na vigilância. A partir de 1º de maio, a Iguá Saneamento terá o desafio de provar que pode prestar um serviço melhor do que o antigo SAAE — e que está pronta para lidar com as necessidades específicas da cidade.