Na noite deste domingo (20), a TV Record exibiu no Domingo Espetacular uma entrevista exclusiva com Paulo Rodolfo, ex-policial rodoviário federal acusado de envolvimento direto na morte de Genivaldo de Jesus Santos, homem negro e portador de esquizofrenia, morto em uma abordagem da PRF em maio de 2022, no município de Umbaúba, em Sergipe.
A entrevista, conduzida pelo jornalista Roberto Cabrini, causou forte repercussão nacional ao trazer declarações consideradas frias, controversas e insensíveis por parte do ex-agente. O caso voltou ao centro do debate público, reacendendo discussões sobre abuso de autoridade, racismo institucional e o uso da força por agentes de segurança no Brasil.
Relembre o caso
Genivaldo foi abordado por estar pilotando uma motocicleta sem capacete. O que deveria ser uma simples abordagem de trânsito terminou em tragédia. Imagens gravadas por testemunhas mostraram o homem sendo imobilizado, algemado, jogado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido à ação de gás lacrimogêneo em um ambiente completamente fechado. Ele morreu pouco tempo depois, asfixiado.
“Não foi tortura”
Durante a entrevista, Paulo Rodolfo negou qualquer responsabilidade direta na morte de Genivaldo:
> “Não foi tortura. Fiz o que fui treinado para fazer. O gás lacrimogêneo não mata”, afirmou o ex-PRF.
Questionado sobre o uso do artefato dentro da viatura fechada, ele alegou que confiava no protocolo de treinamento recebido durante os anos de serviço. No entanto, o próprio manual da PRF determina que gás lacrimogêneo deve ser utilizado somente em ambientes abertos.
Frieza e contradições
Cabrini confrontou o ex-agente diversas vezes com imagens, relatos de testemunhas e dados técnicos. Ainda assim, Paulo Rodolfo manteve o discurso:
> “Se ele obedece, acabou. Revistou, segue a vida.”
O tom das declarações gerou imediata reação nas redes sociais, onde a indignação tomou conta de usuários que assistiram à reportagem ao vivo. “É a naturalização da barbárie”, escreveu um internauta. “Chocante e revoltante”, comentou outro.
Testemunhas ignoradas
A reportagem da Record também ouviu pessoas que estavam no local no momento da abordagem. Uma testemunha afirma ter levado o atestado médico de Genivaldo até os agentes, informando sobre sua condição psiquiátrica.
> “Eles não escutaram ninguém. Era como se estivessem surdos. Só queriam agir com força.”
Esses relatos reforçam a acusação de omissão e despreparo no atendimento de um cidadão que precisava de cuidado, não de contenção violenta.
Repercussão nacional
Logo após a exibição da entrevista, a hashtag #JustiçaPorGenivaldo voltou ao topo dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Políticos, ativistas, jornalistas e influenciadores reagiram com indignação, cobrando celeridade no julgamento dos envolvidos e mudanças urgentes na formação de agentes da PRF.
Impunidade à vista?
Apesar da repercussão, até hoje nenhum dos policiais envolvidos foi condenado. A entrevista de Paulo Rodolfo revela não só a ausência de arrependimento, mas também uma confiança preocupante na impunidade.
> “Eu não via risco naquela decisão. Era um procedimento correto.”
Essa frase, dita em rede nacional, resume o abismo entre o que a sociedade espera de seus protetores — e o que, de fato, recebe.
Conclusão
O caso Genivaldo expôs ao Brasil e ao mundo um retrato cruel da violência institucional. Dois anos depois, a ferida segue aberta — e o sentimento é de que a justiça ainda não chegou.
A entrevista no Domingo Espetacular não trouxe paz. Trouxe revolta. E a certeza de que a luta contra o autoritarismo, o racismo e o despreparo das forças de segurança está longe de terminar.