Durante seu depoimento no inquérito do golpe, prestado à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde da última terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma declaração que causou desconforto em seu grupo político: sugeriu, em tom de brincadeira, que o ministro Alexandre de Moraes poderia ser seu candidato a vice-presidente em 2026.
A fala foi mal recebida nos bastidores do bolsonarismo. Lideranças próximas ao ex-presidente consideraram a atitude inadequada e inoportuna, mesmo que dita de forma irônica. O gesto foi visto como um desrespeito, sobretudo por familiares dos manifestantes presos após os atos de 8 de janeiro, cuja repressão foi ordenada justamente por Moraes.
Clima de cautela e tensão nos bastidores
A relação entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes tem sido marcada por embates públicos e decisões judiciais que colocaram os dois em lados opostos desde o fim do mandato presidencial. A brincadeira, considerada por muitos aliados como um erro estratégico, gerou desconforto dentro da base conservadora.
Segundo membros do entorno político de Bolsonaro, a fala pode enfraquecer o apoio de setores mais radicais do bolsonarismo, que enxergam Moraes como símbolo de repressão e autoritarismo. A avaliação é de que, diante do cenário judicial delicado enfrentado pelo ex-presidente, seria prudente adotar um discurso mais moderado e focado na coesão do grupo.
A repercussão da declaração acendeu o alerta entre os articuladores políticos de Bolsonaro, que já vinham pedindo maior cautela nas manifestações públicas do ex-presidente.