Durante sua visita à Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que ainda não há prazo para a devolução do dinheiro desviado de aposentados e pensionistas do INSS, e responsabilizou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo escândalo.
Lula disse que a prioridade é apurar os detalhes antes de definir valores a serem devolvidos. “Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas. A quantidade de pessoas que tiveram o seu nome numa lista sem que elas tivessem assinado”, explicou.
O presidente criticou a possibilidade de agir precipitadamente. “Poderíamos ter feito uma pirotecnia e não ter apurado. A gente poderia ter feito um show de pirotecnia, mas não queríamos manchete. Queríamos apurar.”
Lula sugeriu que membros do governo anterior possam estar envolvidos no esquema. “Vamos a fundo para saber quem é quem nesse jogo. E se tinha alguém do governo passado envolvido nisso. Eu não tenho pressa. O que eu quero é apurar para apresentar ao povo brasileiro a verdade.”
Segundo ele, os aposentados prejudicados não terão que arcar com os prejuízos. “Quem vai ser prejudicado são aqueles que um dia ousaram explorar o aposentado e o pensionista brasileiro. As entidades que roubaram vão ter seus bens congelados. Nós vamos usar esses bens, repatriar o dinheiro, para pagar as pessoas.”
Lula também destacou que nem todas as entidades envolvidas cometeram irregularidades. “Tem entidades sérias no meio que certamente não cometeram nenhum crime, e tem entidades que foram criadas para cometer crime.”
A operação que revelou o esquema foi conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União. A fraude, que envolvia descontos indevidos em contracheques por parte de sindicatos e associações, teria movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões. Após a revelação, seis servidores foram afastados, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deixou o cargo.