Brasília – Diante do avanço das investigações sobre fraudes no INSS, o governo federal tem se mobilizado intensamente nos bastidores para impedir a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional. O pedido de abertura da comissão já conta com as 171 assinaturas de deputados e o apoio de 30 senadores — três a mais que o mínimo necessário.
Para barrar a investigação, o Palácio do Planalto acionou sua base aliada com o objetivo de convencer parlamentares a retirarem suas assinaturas antes que o requerimento seja oficialmente lido no plenário do Senado. Há, ainda, articulações diretas com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, para que ele não leve o pedido à leitura, o que impediria a instalação formal da comissão.
A movimentação do governo tem gerado críticas entre analistas e parte da opinião pública. Para eles, a preocupação central da gestão federal parece estar na tentativa de conter danos à imagem do Executivo, em vez de buscar soluções para os prejuízos causados aos aposentados. “O foco deveria ser o combate ao roubo, mas o que se vê é uma operação para proteger a reputação do governo”, afirmou um comentarista político.
A possível abertura da CPMI é vista como uma ameaça direta ao Planalto, sobretudo após revelações que apontam que, nos últimos dois anos, metade dos desvios registrados no INSS teria ocorrido. A expectativa, segundo fontes do Congresso, é que, se instalada, a comissão acabe revelando esquemas que se intensificaram no atual governo.
Como estratégia, o governo pode tentar generalizar o problema, alegando que as irregularidades atravessam diferentes gestões — da ex-presidente Dilma Rousseff ao ex-presidente Jair Bolsonaro — a fim de diluir responsabilidades. No entanto, investigações jornalísticas apontam que há registros de fraudes em descontos e empréstimos consignados desde 2016, mas com crescimento significativo nos últimos anos.
Parlamentares da oposição reforçam a necessidade da CPMI como instrumento de transparência e justiça para milhares de aposentados que têm sido vítimas de cobranças irregulares e fraudes. A Polícia Federal acompanha os desdobramentos do caso, que já mobiliza também a opinião pública nacional.
Enquanto isso, a população mais vulnerável, especialmente os aposentados de baixa renda, segue arcando com as consequências da corrupção.