A saída de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações, motivada por denúncias de corrupção envolvendo o uso de verbas públicas e favorecimento de empresas ligadas a seus familiares, marca a décima troca ministerial do governo Lula. O afastamento do agora ex-ministro ocorre em um momento delicado, no qual o Palácio do Planalto busca reorganizar sua base e manter a governabilidade diante de pressões crescentes.
Antes da saída de Juscelino, outras mudanças importantes já haviam sido feitas, como no Ministério da Saúde e na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Nísia Trindade foi retirada da Saúde após críticas internas sobre sua condução à frente da pasta. Para substituí-la, Lula nomeou Alexandre Padilha, que até então comandava a SRI desde o início do governo.
Padilha também era alvo de descontentamento, especialmente por parte da Câmara dos Deputados. O ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), chegou a chamá-lo de “incompetente” e “desafeto pessoal” em uma coletiva. A solução do governo foi transferi-lo para o Ministério da Saúde e indicar a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, para a SRI.
A escolha de Gleisi agradou aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas foi alvo de duras críticas da oposição. Para adversários do governo, a indicação representa uma radicalização, já que a petista é conhecida por sua postura firme e combativa.
Com a nova troca, Lula tenta fortalecer a articulação política e conter desgastes internos e externos. A dezena de alterações ministeriais em pouco mais de um ano de governo revela o esforço constante do presidente em manter o equilíbrio político dentro de um cenário complexo e de grande exigência institucional.