A política sergipana viveu, na última semana, momentos distintos para três de seus principais nomes: Edvaldo Nogueira, Fábio Mitidieri e André Moura. Enquanto o ex-prefeito de Aracaju inicia um período turbulento marcado por investigações, o governador e o ex-deputado federal dão sinais de reaproximação e afinamento político.
A metáfora popular da “roda gigante” nunca foi tão adequada. De um lado, Edvaldo enfrenta o que muitos chamam de “inferno astral”. Após duas CPIs durante seu mandato entre 2017 e 2020, que não resultaram em grandes consequências políticas, o ex-gestor agora encara uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, desta vez para apurar o suposto uso indevido de recursos arrecadados com multas de trânsito. E pode não parar por aí. Um grupo de vereadores já se articula nos bastidores com intenção de apresentar outras frentes de investigação.
Se por um lado seus críticos acreditam que esse será o golpe na imagem de “bom gestor” que Edvaldo sustenta, há quem alerte para o risco do movimento soar como perseguição política, o que poderia, inclusive, vitimizar o ex-prefeito perante a opinião pública. Por ora, ele se mantém em silêncio e aposta no apoio de sua base eleitoral fiel para atravessar a turbulência.
Do outro lado da moeda, Fábio Mitidieri e André Moura vivem um momento de “lua nova”. Após um período de tensão e distanciamento, com episódios públicos de recados indiretos e ausência em eventos – como no Verão Sergipe em Canindé e no Sealba Show, em Itabaiana – os dois líderes selaram um recomeço com direito a reunião privada e participação conjunta em agendas políticas.
O reencontro foi marcado por declarações estratégicas. André Moura, por exemplo, elogiou a sensibilidade de Fábio no comando do Estado, destacando sua escuta popular e o reconhecimento da gestão. A nova fase entre os dois foi até interpretada por aliados como sinalizada por “coincidências” e até números, como lembrou a deputada Yandra Moura.
Apesar do tom amistoso, analistas apontam que a força do agrupamento FM+AM não é garantia de hegemonia eleitoral. A conjuntura política atual é volátil e o eleitorado tem se mostrado mais exigente e menos fiel a figuras tradicionais. A comunicação dessa nova aliança será peça-chave para moldar a percepção da sociedade.
Entre altos e baixos, vitórias e tropeços, a cena política de Sergipe deixa claro que, mais do que nunca, “ganhar e perder faz parte”. Resta saber quem terá habilidade suficiente para manter o equilíbrio enquanto a roda gira.