O ex-presidente chegou a afirmar que havia compartilhado essas informações com a equipe do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugerindo que os EUA estariam preocupados com os rumos do Brasil e que o apoio externo seria necessário para resolver os problemas internos do país. As declarações de Bolsonaro, além de infundadas, foram vistas como uma tentativa de criar uma narrativa alarmista, possivelmente com objetivos políticos e de desestabilização.

Enquanto Bolsonaro faz essas declarações, seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tem se envolvido em articulações internacionais que visam enfraquecer o governo brasileiro e sua relação com a China. Atualmente residindo nos Estados Unidos, Eduardo tem se aliado a parlamentares de extrema direita para pressionar o governo dos EUA a adotar medidas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), especificamente contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe no Brasil.

Essas ações de Eduardo Bolsonaro visam, entre outras coisas, ajudar seu pai a evitar a prisão e recuperar sua posição política para um possível retorno ao poder. Além disso, o deputado tem se dedicado a minar os acordos estratégicos firmados entre Brasil e China, alinhando-se aos interesses de Washington, que vê com desconfiança o estreitamento das relações entre os dois países.

Eduardo também tem buscado dificultar a aprovação de tratados entre o Brasil e a China, especialmente aqueles relacionados a tecnologia nuclear, telecomunicações e fornecimento de urânio. Em uma entrevista recente, ele afirmou que seu objetivo é barrar esses acordos caso venha a presidir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) da Câmara dos Deputados.

Sua estratégia inclui intervir na aprovação de acordos entre os dois países, impedindo a ratificação de tratados que, segundo ele, poderiam prejudicar a soberania do Brasil — embora sua postura, na prática, beneficie diretamente os interesses dos Estados Unidos.

As movimentações de Eduardo Bolsonaro também geraram reações no cenário político nacional. O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a investigação de Eduardo por tentativa de interferência nas investigações do STF e por crime de lesa-pátria, argumentando que suas ações podem comprometer a soberania do Brasil.

O cenário político brasileiro se torna cada vez mais tenso à medida que essas articulações envolvendo a família Bolsonaro e interesses internacionais se intensificam. O comportamento de Eduardo Bolsonaro, longe de representar uma preocupação com a soberania nacional, revela seu alinhamento com os objetivos estratégicos dos Estados Unidos, mesmo que isso prejudique as relações do Brasil com potências importantes como a China.

O futuro do Brasil, nesse contexto, parece estar imerso em disputas políticas internas, articulações internacionais e um jogo de poder que envolve o controle das comissões do Congresso e a busca por apoio externo para enfrentar desafios internos.