Nesta terça-feira, 06 de maio, Sergipe celebra o centenário de uma das maiores representantes da cultura popular do estado: Judite Melo, mulher negra, autodidata e filha da cidade de Estância. Com mãos firmes e alma sensível, Judite transformou o barro em fé, arte e resistência.
Nascida em 1924, em um Brasil ainda mais desigual, Judite desafiou o tempo e as estruturas sociais para eternizar nas suas peças a alma do povo sergipano. Suas esculturas – que retratam o cotidiano, a religiosidade e os saberes populares – cruzaram fronteiras e colocaram Sergipe no mapa da arte popular brasileira.
Mais do que uma artista, Judite Melo foi uma mulher à frente de seu tempo. Seu legado inspira artistas e educadores, especialmente mulheres negras, a acreditarem na força da sua voz e na beleza da sua história. Ela nos ensinou que a arte também é resistência — e que não há futuro para um povo que esquece seus artistas.
Hoje, ao celebrar seu centenário, reafirmamos o compromisso com a valorização da cultura popular, o apoio aos artistas locais e a luta por políticas públicas que preservem e divulguem memórias como a de Judite.
Judite esculpiu mais do que barro. Ela moldou consciência, identidade e orgulho. Que nenhuma criança sergipana precise sair do seu chão para ter espaço, voz e cor. Que a história de Judite seja contada, lembrada e celebrada — porque um povo sem cultura é um povo sem rumo.
De Estância para o mundo. Que a força de Judite continue nos guiando.