Em meio a críticas e suspeitas de favorecimento político, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo acusado de montar uma nova estratégia para beneficiar aliados no Congresso por meio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo reportagem publicada pelo UOL na última sexta-feira (16), a articulação envolveria a liberação de R$ 3 bilhões do Ministério da Saúde, sem transparência sobre a autoria dos pedidos.
De acordo com o material, a pasta comandada por Alexandre Padilha orientou parlamentares da base governista a instruírem prefeitos a solicitarem os recursos diretamente pelo protocolo digital do ministério, sem mencionar o deputado ou senador responsável pela intermediação. O esquema foi apelidado por críticos como um “novo orçamento secreto”.
Os valores seriam distribuídos como prêmio por apoio ao governo na votação do orçamento e do arcabouço fiscal: R$ 5 milhões para cada deputado e R$ 18 milhões por senador. No entanto, quem votou contra medidas propostas pelo governo, como a mudança nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pode ter o valor reduzido em até 40%.
Ainda segundo a apuração, 60% dos recursos seriam destinados a ações de média e alta complexidade no SUS, enquanto os 40% restantes seriam investidos na atenção primária, principalmente nos redutos eleitorais dos parlamentares beneficiados — o que levanta suspeitas de uso eleitoral dos recursos públicos.
A reportagem também aponta que o valor de R$ 3 bilhões poderá crescer até o fim do ano, a depender do desempenho do governo nas próximas votações no Congresso. Isso se soma aos mais de R$ 50 bilhões já previstos em emendas parlamentares no orçamento de 2025.
O caso gera polêmica e reacende o debate sobre a transparência nos gastos públicos, especialmente em um setor essencial como a saúde. Até o momento, o Ministério da Saúde e o Palácio do Planalto não se pronunciaram oficialmente sobre o conteúdo da reportagem.