O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), atualmente sob investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União por envolvimento em um esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios do INSS, tem entre seus dirigentes José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Frei Chico ocupa o cargo de vice-presidente do Sindnapi desde agosto de 2023. Segundo relatos de interlocutores da Força Sindical, sua nomeação ocorreu após um pedido direto de Lula ao então presidente do sindicato, João Batista Inocentini, com quem mantinha uma relação de amizade. Atendendo à solicitação, Inocentini acomodou Frei Chico na estrutura da entidade. Após o falecimento de Inocentini, em agosto de 2023, o novo presidente, Millton Baptista de Souza, manteve o irmão do presidente como vice-presidente do sindicato.
O Sindnapi, fundado em 2000 e ligado à Força Sindical, é apontado nas investigações como a terceira entidade que mais arrecadou com os descontos considerados ilegais nas aposentadorias entre 2019 e 2024, totalizando R$ 259 milhões no período. De acordo com a Polícia Federal, a entidade não apresentou a documentação necessária para comprovar que os descontos foram autorizados pelos beneficiários.
Como vice-presidente, Frei Chico possui diversas atribuições, incluindo substituir o presidente em caso de ausência, participar da elaboração de regras internas e definir o valor das mensalidades cobradas dos filiados.
Apesar de ser citada na investigação, o Sindnapi foi poupado de medidas recentes tomadas pelo governo em relação às fraudes. A Advocacia-Geral da União (AGU) não incluiu o sindicato na lista de entidades que tiveram recursos bloqueados para ressarcir os aposentados vítimas do esquema. O ministro Jorge Messias, chefe da AGU, explicou que apenas entidades criadas exclusivamente para viabilizar as fraudes foram alvo das ações, o que, segundo ele, não seria o caso do Sindnapi.
O escândalo das fraudes no INSS, que envolve descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas, resultou na deflagração da "Operação Sem Desconto" pela Polícia Federal em abril de 2025. A operação cumpriu 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária em 13 estados e no Distrito Federal, apreendendo joias, veículos de luxo e dinheiro em espécie. Estima-se que mais de 4 milhões de beneficiários tenham sido afetados pelas irregularidades.