O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta nesta semana sobre o crescimento acelerado da dívida pública dos Estados Unidos. Segundo as novas projeções, o endividamento americano — que já ultrapassou US$ 38 trilhões — pode chegar a 143% do Produto Interno Bruto (PIB) até o ano de 2030, superando países historicamente conhecidos pelo descontrole fiscal, como Itália e Grécia.
O relatório mostra que, pela primeira vez na história moderna, Washington poderá ter uma dívida proporcionalmente maior do que as economias que sempre usou como exemplo de má gestão financeira. Atualmente, a dívida dos EUA representa cerca de 125% do PIB, enquanto a da Itália deve permanecer em 137% e a da Grécia cair para 130%.
O FMI aponta que a principal causa do aumento está no pacote econômico aprovado durante o governo de Donald Trump, o “One Big, Beautiful Bill Act”, que combina cortes de impostos e aumento expressivo dos gastos públicos — incluindo cerca de meio trilhão de dólares para o programa de defesa antimísseis “Golden Dome”.
Especialistas do Bipartisan Policy Center estimam que o plano custará mais de US$ 4 trilhões em dez anos, agravando o desequilíbrio fiscal do país. O Congressional Budget Office (CBO) prevê que a dívida nacional ultrapassará US$ 45 trilhões até 2029, crescendo cerca de US$ 7 trilhões por ano.
Apesar de o crescimento dos gastos públicos não ser exclusividade da atual administração, analistas destacam que o ritmo acelerado preocupa. De acordo com o Tax Policy Center, as medidas adotadas após a pandemia — durante os governos Biden e Trump — já geraram déficits inéditos fora de tempos de guerra.
Enquanto os Estados Unidos ampliam sua dívida, países europeus como Itália e Grécia mostram recuperação fiscal. Ambos voltaram a registrar superávits primários, reduzindo seus déficits e controlando os gastos públicos.
“É um momento simbólico”, afirmou Mahmood Pradhan, economista do Amundi Investment Institute. “Os Estados Unidos estão entrando em um período de déficits persistentes, enquanto países que antes eram sinônimo de crise aprenderam a viver dentro de suas possibilidades.”
Para economistas, o aumento da dívida americana poderá elevar os juros globais e pressionar economias emergentes. Apesar disso, especialistas acreditam que o poder de emissão do dólar ainda garante uma margem de segurança para Washington — ao menos por enquanto.