O Brasil aparece entre os oito países mais atingidos pela fome na América do Sul, segundo o Índice Global da Fome (GHI) 2025, divulgado pelas organizações Welthungerhilfe e Concern Worldwide. Com 6,4 pontos, o país está classificado na categoria de “fome baixa”, ocupando a oitava posição no ranking regional. A Bolívia lidera a lista, com 14,6 pontos, e é o único país sul-americano enquadrado na categoria de “fome moderada”.
O índice avalia a insegurança alimentar em quatro indicadores: desnutrição calórica, atraso no crescimento infantil, baixo peso para a altura e mortalidade infantil. Apesar de o Brasil ter saído recentemente do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), o relatório mostra que a fome ainda é um desafio para milhões de brasileiros.
Situação na América do Sul
A Bolívia enfrenta os maiores índices de fome da região, consequência de fatores socioeconômicos e climáticos. Comunidades rurais e indígenas são as mais afetadas por secas, enchentes e dificuldades de acesso a alimentos. O país também convive com o aumento de sobrepeso e obesidade — o que o estudo chama de “dupla carga da má nutrição”.
Na classificação geral, o ranking 2025 mostra o seguinte cenário:
Bolívia (14,6), Trinidad & Tobago (11,0), Equador (10,9), Suriname (10,4), Venezuela (9,6), Guiana (8,3), Peru (7,2), Brasil (6,4), Argentina (6,4), Colômbia (6,1), Paraguai (5,2), Chile e Uruguai (<5).
Avanços e desafios do Brasil
Em comparação histórica, o Brasil apresentou melhora significativa. Nos anos 2000, o país registrava 11,6 pontos no GHI; em 2016, havia caído para 5,4; hoje, marca 6,4. A melhora recente está ligada à retomada de políticas públicas de alimentação, programas de transferência de renda e recuperação econômica.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), a subnutrição grave atinge menos de 2,5% da população brasileira, enquanto a insegurança alimentar grave alcança 3,4% e a moderada, 13,5%. Cerca de 8,4 milhões de brasileiros ainda convivem com a fome, número menor que nos últimos anos, mas que reflete a persistência da desigualdade social e regional.
Cenário global
O GHI 2025 alerta que a fome no mundo está em fase de estagnação, com uma média global de 18,3 pontos. Segundo o estudo, a meta de Fome Zero da ONU para 2030 é considerada inalcançável. Conflitos armados, mudanças climáticas e alta no preço dos alimentos estão entre os principais fatores de retrocesso.
Países como Somália (42,6), Sudão do Sul (37,5) e República Democrática do Congo (37,5) aparecem com níveis “alarmantes” ou “extremamente alarmantes”. Em contrapartida, Chile, China, Costa Rica e Uruguai registram os melhores resultados, com índices abaixo de cinco pontos.