A pobreza extrema está avançando com maior rapidez nos 39 países afetados por conflitos e instabilidade do que em qualquer outra parte do mundo, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira (28) pelo Banco Mundial. A instituição alerta para o agravamento dos indicadores sociais e econômicos nessas regiões, que enfrentam o maior nível de conflitos registrados em 25 anos.
Desde 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dessas economias encolheu, em média, 1,8% ao ano. Em contrapartida, os demais países em desenvolvimento registraram crescimento médio anual de 2,9%. Em 2025, estima-se que cerca de 421 milhões de pessoas vivam com menos de US$ 3 por dia nesses territórios – número superior ao restante do mundo somado. A projeção é que, até 2030, esse contingente atinja 435 milhões, representando quase 60% da população mundial em extrema pobreza.
“O mundo está concentrando sua atenção em guerras como as da Ucrânia e do Oriente Médio, mas mais de 70% das pessoas que sofrem com conflitos e instabilidade estão na África”, afirmou Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial. Ele alerta que “a miséria nessa escala é inevitavelmente contagiosa”.
Segundo o relatório, a taxa de pobreza extrema global está abaixo de 10%, mas nos países instáveis o índice alcança quase 40%. “A estagnação econômica tem sido a norma nesses países nos últimos 15 anos”, pontuou Ayhan Kose, vice-economista-chefe da instituição.
A crise humanitária nesses locais é refletida também na saúde e alimentação. A expectativa de vida é de apenas 64 anos – sete a menos que em países em desenvolvimento –, enquanto a mortalidade infantil é mais que o dobro e a insegurança alimentar aguda atinge 18% da população, número 18 vezes maior que a média global.
O Banco Mundial destaca a urgência de ações coordenadas para mitigar os efeitos da instabilidade prolongada e evitar que milhões de pessoas permaneçam presas em ciclos contínuos de miséria.