O contraste entre o resultado fiscal do último ano do governo Jair Bolsonaro (PL) e o desempenho das contas públicas sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reacendeu o debate sobre a condução da política fiscal no Brasil.
Segundo dados do Tesouro Nacional, o governo Bolsonaro encerrou 2022 com superávit primário de R$ 54,1 bilhões — o primeiro resultado positivo em quase uma década. O saldo foi impulsionado pelo aumento da arrecadação, alta nas commodities e adiamento de despesas durante a recuperação econômica pós-pandemia.
Já no atual governo, as contas públicas voltaram ao vermelho. A Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado, estima que o déficit primário em 2024 deve superar R$ 300 bilhões, podendo chegar a R$ 354 bilhões, resultado das medidas de ampliação de gastos, recomposição de programas sociais e desonerações herdadas.
Economistas explicam que o número não representa um “rombo” acumulado, mas o desequilíbrio entre receitas e despesas primárias — antes do pagamento dos juros da dívida pública. Ainda assim, o resultado preocupa o mercado e especialistas.
Enquanto aliados de Bolsonaro defendem que o superávit de 2022 prova a “responsabilidade fiscal” de seu governo, o Palácio do Planalto argumenta que a política atual busca reconstruir serviços públicos e retomar investimentos paralisados, mesmo com impacto nas contas de curto prazo.
Com a dívida pública bruta próxima de 77% do PIB, o desafio do governo Lula é equilibrar a arrecadação com metas de gastos mais rígidas. Segundo projeções oficiais, o equilíbrio das contas só deve ser retomado em 2026.