Nascido em Lagarto, no dia 11 de fevereiro de 1885, Leopoldo de Araújo Souza é lembrado como um dos maiores benfeitores da cidade de Estância, onde construiu sua trajetória de vida, trabalho e serviço público. Embora não tenha nascido na cidade, é considerado um estanciano adotivo, tamanho foi o seu amor, dedicação e contribuição para o desenvolvimento do município.
Filho de José Rodrigues de Souza e Maria de Araújo Souza, Leopoldo foi um homem de origem humilde. Diante das dificuldades financeiras, quase seguiu rumo ao Acre, mas sua história tomou outro caminho quando recebeu um convite para trabalhar como caixeiro-viajante na tradicional casa comercial do Coronel Francisco José Martins, em Estância. Desde sua primeira viagem, demonstrou competência e dedicação, características que o acompanharam por toda a vida.
Após três anos, resolveu empreender por conta própria. Iniciou com um armazém de secos e molhados, depois fundou a Padaria Brasil, pioneira no fabrico de massas finas em Estância. Mais tarde, foi responsável pela instalação da Fábrica de Charutos Valkyria, a primeira do gênero em Sergipe. Também atuou no setor cultural, como proprietário do Cineteatro Ideal (posteriormente Glória) e arrendatário do Cinema São João.
Um homem voltado para o bem coletivo
Mesmo com uma vida empresarial intensa, Leopoldo nunca se afastou das causas sociais. Prestou serviços relevantes à Sociedade Velhice Desamparada, iniciando a construção do novo prédio do Asilo Santo Antônio. Foi secretário do Clube União Caxeiral, presidente do Cruzeiro Sport Clube, diretor do Hospital Amparo de Maria, provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento, e muito mais. Sua atuação marcou também o setor cultural e religioso, com destaque para a remodelação da fachada do Cemitério Nossa Senhora da Piedade.
Política com espírito público
Apesar de não ser um político partidário por natureza, esteve sempre alinhado a causas públicas relevantes. Em 1930, foi nomeado intendente municipal de Estância, após a vitória da Aliança Liberal, permanecendo no cargo até 1932. Retornou brevemente em 1935 e, em 29 de novembro de 1937, reassumiu como prefeito, função que exerceu até 21 de agosto de 1941.
Durante seus mandatos, realizou inúmeras obras:
Remodelação do Parque Nilo Peçanha
Pavimentação em paralelepípedo de diversas ruas
Reestruturação do quartel de polícia
Criação do Mercado Municipal e da Praça da Bandeira
Fundação da Casa da Criança e do primeiro Posto de Puericultura do Brasil
Construção de seis escolas municipais
Instalação do Parque D. Pedro II
Construção do monumento a Francisco Camerino
Início da estrada Estância–Arauá
Lançamento da pedra fundamental da Maternidade de Estância, posteriormente construída e nomeada em sua homenagem.
Vida pessoal e despedida
Casou-se em Estância, no dia 9 de maio de 1908, com Guiomar Silveira Souza, com quem teve três filhos: Raymundo Silveira Souza, Walkyria de Souza Rocha e Wanda Souza Ramos. Sua família seguiu envolvida em diversas frentes públicas e empresariais.
Leopoldo faleceu em 1º de outubro de 1942, em Estância. Seu velório, realizado no dia seguinte, foi marcado por manifestações públicas de afeto e respeito. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, onde repousa uma das maiores figuras da história estanciana.
Um nome eterno na memória de Estância
A vida de Leopoldo de Araújo Souza é exemplo de trabalho, honestidade e compromisso com o bem comum. Seu legado permanece vivo nas ruas, praças, escolas e instituições que ajudou a construir. Mais do que um nome na história, ele representa a força do cidadão que faz a diferença com ações concretas e amor pela cidade que o acolheu.