A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos encerrou o ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, acendendo um alerta sobre a situação financeira da estatal. O resultado negativo contrasta fortemente com os números registrados durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando a empresa apresentou lucros consecutivos — R$ 1,53 bilhão em 2020 e R$ 2,3 bilhões em 2021.
Na época, os Correios estavam sob comando do general da reserva Floriano Peixoto Neto. A gestão adotava uma política de austeridade, com foco na expansão dos serviços e sem patrocínios culturais ou internacionais, conforme defendem aliados do ex-presidente.
Já nos primeiros meses da atual administração, os Correios enfrentaram uma perda de quase R$ 600 milhões em 2023. Em 2024, o cenário se agravou, e a estatal passou a recorrer a empréstimos bancários para manter suas operações.
A crise reacende antigas discussões sobre a má gestão e o uso político da empresa. Um dos episódios históricos que envolvem a estatal remonta a 2005, quando o ex-deputado federal Roberto Jefferson denunciou um esquema de compra de votos ligado aos Correios, dando início ao escândalo do Mensalão, que abalou o primeiro mandato do presidente Lula e levou à queda de nomes como José Dirceu, então ministro da Casa Civil.
Coincidentemente, Jefferson voltou às manchetes nesta mesma semana, ao deixar o presídio após dois anos de prisão. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou sua transferência para prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica e proibição de uso de redes sociais. Jefferson foi detido em outubro de 2022, após resistir a uma ordem judicial e ferir dois agentes da Polícia Federal com tiros e uma granada de efeito moral.
Enquanto a crise nos Correios se aprofunda, parte da oposição atribui o rombo à condução econômica da atual gestão federal. Já os aliados do governo ainda não se pronunciaram publicamente sobre o prejuízo bilionário ou os patrocínios questionados por críticos. Entre os fatores apontados está também o histórico de decisões controversas, como os investimentos do fundo de pensão Postalis em títulos da dívida da Argentina, que resultaram em perdas após o calote aplicado pelo país vizinho.